20 de out. de 2012

Volcano.




Havia o menino ensimesmado sentado ao chão e o passarinho no alto de sua árvore. Houve, quiçá, um assobiar descompassado e baixinho de uma canção sobre pássaros que não voam, mas ninguém jamais o ouviu. E houve, com toda certeza que ouso escorrer para a ponta dos dedos, um coração batendo.
O passarinho (tão covarde!) observava o menino de longe, sem coragem de tentar um vôo. Pois, ali de seu galho, era um talvez; e como bom pássaro cinza, era cheio de talvezes: metade sim, metade não. Talvez o menino sequer notasse seu tombo, talvez o acudisse e o colocasse em um galho ainda mais alto... Mas talvez o acolhesse em seu ombro e o levasse consigo. Metade sim, metade não.
Como podia? Quando o passarinho olhava para o menino via seu reflexo, de uma estranha maneira. Só não sabia se via pássaro no menino, ou menino no pássaro que era. Mas havia algo naqueles olhos – tão grandes quanto os seus! – que lhe dava uma tal vontade de cair... Um campo de força. E quando os olhares ousavam esbarrar, sentia-se tão perto dele. Ah, o mundo: tão pequeno para a vontade, tão grande para a saudade.
Mas, afinal, quando olhava para o menino via só um pássaro crescido. E o menino, quando olhava para o pássaro, via o quê?