24 de jun. de 2016

caos

tenho passado noites em claro.
tenho manchado papéis com tinta de caneta
e estão todos amassados. tenho pensado
tenho passado
tempo demais
pensando
e é isso que tá errado!
tenho tentado achar ordem
no caos e tenho fracassado
uma, duas, trinta vezes tenho pensado.
tá pesado, é um fardo
saber quando na realidade não tenho que saber de nada
saber quando estar errado
deixar a água correr proutro lado
mesmo de boca seca e sede
aprender a olhar o que está, o que nunca esteve.
apreciar a pungência da secura do agora
mesmo enquanto implora
à chuva
que chegue

Só então estou completo.

firme como um prego
em um monte de areia
movendo-se por entre os grãos
e então
permanecendo entidade inteira
agarrado fraco ao chão
na tempestade ou na chuva ligeira
mas movendo, não estanca
e quiçá até sangra
quaisquer pisadas certeiras

e ainda que falte o martelo
que o faça trabalhador singelo
segurando arte em parede rude
há de entender-se completo
deitado no chão de concreto

pleno

em sua implenitude.